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Necessidades psicológicas e emocionais na gestação

 

 A mãe, ao conceber um filho, é totalmente arrebatada por uma série de sentimentos, que tem início já durante o planejamento da gravidez e vai até depois meses depois do parto

 

 Antes do projeto mamãe se concretizar

 

Antes da concepção do bebê, normalmente, uma série de dúvidas e questionamentos tomam conta da mente e da vida não só das futuras mães como do casal. Por isso é preciso muita tranquilidade na gestação

 

Talvez, se esperarmos satisfazer todas as exigências imaginadas para alcançar a perfeita condição para trazer um filho ao mundo, este filho nunca chegue. Sempre precisaremos de mais alguma coisa

 

A inexperiência, as crenças existentes e as inseguranças da futura mamãe podem tumultuar ainda mais esse momento importante, causando sofrimento, “fantasmas” e estresse desnecessários

 

A mamãe de primeira viagem necessita de aconselhamento de alguém mais experiente e maduro e de um apoio mais próximo, a fim de ajudá-la a distinguir o que será, realmente, necessário para que o bebê possa chegar

 

Um bebê feliz é aquele que tem uma mãe tranquila e presente, dando o que ele necessita para se sentir satisfeito e confortável (leite, banho, agasalho, afeto) num ambiente tranquilo e calmo

 

Emitir muitas opiniões, conselhos e contar casos onde ocorreram desgraças em relação à maternidade acabam atrapalhando. Mesmo que a intenção seja a melhor possível, o resultado disso costuma ser desastroso

 

Muitos questionamentos surgem antes da gravidez: Será que é o momento certo? Será que poderei proporcionar tudo o que sonhei para o meu filho?

 

As futuras mamães precisam rearranjar o planejamento e aceitar, às vezes com algum sofrimento, fazer o melhor possível para a chegada do seu filho

Se a mãe não se policiar, acaba se auto exigindo para dar conta e ser “boa” em tudo, e é humanamente, impossível, nesta fase, dar conta de tudo

A transição envolve questões complexas, como a mudança total do foco de atenção para o bebê e a desconsideração da mãe em função do bebê

Chega a hora da leitura sobre tudo, desde os tipos de partos e os prós e contras, até congelar um pedaço do cordão umbilical para combater doenças

Há maneiras da futura mamãe se manter no momento presente aproveitando-o, como grupos de meditação, Yoga, pilates, hidroginástica, entre outros

 

 Por Daniele Vanzan*

 

            Antes mesmo da concepção do bebê, as dúvidas e incertezas já começam. Será que é o momento certo? Será que poderei proporcionar tudo o que sonhei para o meu filho? Será que preciso me capitalizar mais para a sua chegada? Vou dar conta de abrir mão de tantas coisas que gosto em função dele? Não seria melhor trocar o carro antes de engravidar? Afinal, não temos ideia de quando poderemos trocar novamente.A casa não está pequena para a chegada da criança e todos os apetrechos necessários? Estas e muitas outras dúvidas permeiam a mente e a vida do casal.

            Talvez, se esperarmos satisfazer todas as exigências imaginadas para alcançar a perfeita condição para trazer um filho ao mundo, este filho nunca chegue. Sempre precisaremos de mais alguma coisa para que o futuro filho chegue ao “ambiente ideal” imaginado pela futura mamãe como fundamental para proporcionar uma infância feliz, segura e tranquila. Poucas são as vezes em que a vida oferece todos esses requisitos e as futuras mamães precisam rearranjar esse planejamento e aceitar, às vezes com algum sofrimento, fazer o melhor possível para a chegada do seu filho.

            Esta é uma situação bem comum na preparação para a primeira gravidez. E, no caso, a inexperiência, as crenças e as inseguranças da futura mamãe podem tumultuar ainda mais esse momento causando sofrimento, “fantasmas” e estresse desnecessários. Isso faz com que a mamãe de primeira viagem necessite de aconselhamento de alguém mais experiente e maduro e de um apoio mais próximo, a fim de ajudá-la a distinguir o que será, realmente, necessário para que o bebê possa chegar e ter seus primeiros anos de vida felizes e tranquilos.

Será que um bebê feliz é aquele que tem o carrinho de última geração, o quarto bem decorado e cheio de apetrechos caros, iluminados e sonoros, um lindo e gigante apartamento de frente para o mar? Ou um bebê feliz é aquele que tem uma mãe tranquila e presente, dando o que ele necessita para se sentir satisfeito e confortável (leite, banho, agasalho, afeto) num ambiente tranquilo e calmo? E quando falo em ambiente tranquilo e calmo, refiro-me a uma mãe tranquila, que se cuide se alimentando, tomando seu banho e deitando para descansar sempre que possível. Mas isso envolverá muitas vezes uma casa bagunçada, as roupas do bebê acumuladas para lavar e até mesmo o choro do bebê nos momentos em que a mãe necessita ir ao banheiro ou tomar o seu banho. Não é fácil saber, a princípio, o que de fato é ser uma boa mãe.

Se a mãe não se policiar, acaba se auto exigindo para dar conta e ser “BOA” em tudo. É, humanamente, impossível, nesta fase, dar conta de tudo como fazia antes do bebê e estar linda, cheirosa, bem-humorada e descansada quando o marido chega em casa.

As mães precisam saber que, passados os primeiros dias onde ela, geralmente, tem a ajuda do marido e/ou de mais algum familiar, ela precisará se cuidar, se nutrir e se amar, também, porque o bebê precisa de uma mãe tranquila e abastecida. Ele não precisa de uma casa arrumada, de comidas elaboradas para o jantar, das suas roupas engomadas e impecáveis. Precisa sim de uma mãe que tenha a inteligência emocional e dê a si mesma e ao bebê. Deitando e descansando sempre que ele dorme, abrindo mão de ser “perfeita” em todos os outros quesitos ela se permitirá ser mãe durante aquele período.

É natural que a mãe de primeira viagem, sinta-se só ou se queixe de sua vida paralisada. Essa pode ser a sensação da mãe nos primeiros meses de vida do bebê já que passadas algumas semanas todos retornam às suas rotinas e ela fica realmente sozinha com todos os afazeres relacionados ao bebê. Os cuidados pessoais como banho, roupa, alimentação, consultas médicas, tentativas de adivinhar o motivo do choro ininterrupto e resolver o problema, sem tempo para falar com amigas, parentes e às vezes até com o marido. A privação do sono costuma deixar a mãe mais irritada, sensível e pode ocasionar ataques de choro, discussões, tristeza e/ou estresse.

 

Mudando os papéis

 

Essa fase de preparação de uma mulher, que, até então, foi habituada a desempenhar vários outros papéis (como o papel de filha, neta, sobrinha, esposa, irmã etc) e, finalmente, começa a se preparar para um papel totalmente novo e desconhecido em sua vida que é o papel de MÃE, nem sempre é uma fase tranquila e feliz.

            Realmente, essa pode ser uma fase bastante delicada, onde a mulher passa por um processo de despersonalização, deixando de ser vista como sempre foi para se tornar a mãe da fulaninha ou do fulaninho. Em muitos casos, devido à sensibilidade em que se encontram nesse período, futuras mães sentem-se reduzidas a uma barriga ou à mãe do astro principal. Podem apresentar sinais de menos valia e depressão e sofrerem com isso. Algumas sofrem, inclusive por isso, uma culpabilização julgando-se péssimas mães por não estarem felizes e radiantes com a gestação como a sociedade espera que seja e por toda a atenção recebida por sua barriga.

Esta transição envolve questões complexas, como a mudança total do foco de atenção para o bebê e a desconsideração da mãe em função do bebê. Além dos circundantes, até mesmo as futuras mães deixam de se preocupar com gostos, interesses e necessidades dela e passam a priorizar as necessidades e interesses do bebê que está a caminho.

            Algumas dessas mães costumam se queixar dos familiares que passam a cobrar delas novos hábitos alimentares, que por vezes são desagradáveis para ela, porém necessários para o desenvolvimento sadio e/ou seguro do bebê que ela está gerando.

            E é isso mesmo! Por estar gerando esse bebê tão esperado por todos, cai sobre a mãe toda a responsabilidade de se alimentar, adequadamente, cuidar para que nenhum excesso ou esforço físico ocorram, evitar traumas e choques para o bebê, além de ter que continuar dando conta de seus afazeres diários e de todo o planejamento para a chegada dele, como mudanças necessárias na casa para a recepção do mais novo membro da família, compra do enxoval, realização de exames e do acompanhamento da gestação e muitas vezes das necessidades adicionais do(s) filho(s) mais velho(s) e marido, diante da expectativa da chegada de mais um membro para a família.

             Isto, se pensarmos numa gravidez sadia, sem qualquer tipo de problema ou trauma envolvido. Pois se pensarmos no caso de uma primeira gravidez, onde os pais estão cheios de medos, ânsia e expectativas ou, no caso de uma gravidez de risco, uma gravidez indesejada ou até mesmo no acompanhamento da gestação para o processo de adoção de uma criança, essa fase pode se tornar ainda mais delicada e sofrida.

 

Viajantes no tempo

 

            Um movimento natural da futura mãe é dificilmente se manter no momento presente. Talvez por isso, muitas mães se queixem de uma dificuldade de memória e concentração desde o início da gestação.

            Elas se tornam grandes viajantes do tempo durante a gravidez. E, nessas viagens, é comum notá-las regressando a sua infância, avaliando o tipo de criação em que foi pautada e toda a base da educação dada por seus pais. E, então, começam a avaliar e decidir o que, a princípio, elas irão “copiar” do seu modelo de criação e o que vão procurar modificar. Começam a separar o que julgam servir ou não para a criação de um “bom” filho. E nos meses de gestação se pegam relembrando e repassando momentos bons e ruins pelos quais passaram até ali.

            Isso pode causar alguns transtornos ou perturbações emocionais, já que a futura mamãe está fragilizada e sensível, devido à toda alteração hormonal a que está submetida, e devido ao fato, também, dessa alternância de papéis. Pois agora, ela não relembra esses fatos do lugar de filha e sim do lugar de futura mamãe, julgando e avaliando tudo que, ao seu ver, pode afetar ou ajudar o desenvolvimento sadio de seu bebê.

            E já começa a busca por estudos e leitura sobre todos os assuntos! Desde tipos de partos e os prós e contras de cada um, a possibilidade de congelar um pedaço do cordão umbilical a fim de combater doenças futuras, decoração do quarto, modelos de ensino e por aí vai. Muitos são os blogs, artigos e livros escritos por e para as futuras mamães. E neles, elas se apoiam, orientam e se utilizam para decidir o que julgam ser o melhor caminho para seus filhos.        

            E enquanto a futura mamãe se distrai com tantas coisas aqui fora, lá dentro de sua barriga, um verdadeiro milagre acontece diariamente na formação e nutrição do bebê sem que ela se dê conta disso muitas vezes.

            Nos momentos em que o bebê já está bem crescido e chuta e se movimenta na barriga da mãe, como nos exames de imagem durante a gestação, ela pode estar realmente presente. Conectada a ele. Sentindo-o, comunicando-se com ele e estando grávida naquele momento, habitada por um novo ser que já-já dará o ar da graça.

            Outras maneiras que a futura mamãe pode buscar para se manter no momento presente aproveitando-o é buscar a prática de atividades destinadas a gestantes. Temos, por exemplo, grupos de meditação, Yoga, pilates, hidroginástica. E se as mães se percebem em sofrimento ou de alguma forma não conseguem curtir e aproveitar com alegria e tranquilidade esse momento, devem procurar algum tipo de ajuda terapêutica. Pois estes são momentos preciosos, que marcarão para sempre a vida da família e merecem ser aproveitados.

 

Evitando a criação de fantasmas

 

            Paralelamente a tudo isso, a gestação é um período em que a mãe tende a enfrentar diversos medos e dúvidas. E isso envolve muitas questões. Tipo de parto mais indicado, anestesia, amamentação, sua capacidade em cuidar daquele bebê e até o medo da morte costumam rondar a futura mamãe, que se vê agora gerando alguém que passará a depender dela para crescer e se desenvolver.

            Muitos podem ser os fantasmas presentes nesse momento. E a existência de familiares que se disponham a acompanhar, ajudar e, principalmente, ouvir a gestante nesse momento ajuda a tranquilizá-la e dar segurança. Em muitos casos, ela precisa apenas se sentir acompanhada e ser ouvida!

 Emitir muitas opiniões, conselhos e contar casos onde ocorreram desgraças em relação à maternidade acabam atrapalhando. Mesmo que a intenção seja a melhor possível, o resultado disso costuma ser desastroso para os envolvidos. Esse excesso de informação pode gerar ou intensificar inseguranças, dúvidas e ansiedade na mãe, que já está num momento de pressão grande e muito fragilizada e sensível devido as alterações hormonais do período.

            Caberá aos futuros papais a tarefa de filtrar e proteger a futura mamãe do excesso de “invasão” sobre as decisões e cuidados a serem tomados com a criança a fim de evitar o disparo de quadros psicopatológicos inclusive, como transtornos de ansiedade e de humor, por exemplo, que ao surgir tendem a prejudicar esta fase que deveria ser aproveitada.

            Não temos receita para lidar com uma gestante. Mas se soubermos observar e sentir o estado dela e tivermos bom senso, saberemos acompanhar e nutrir na medida certa, a fim de obter uma gestação tranquila e saudável para a mãe e o bebê.

 

*Daniele Vanzan é psicóloga e se especializou em Psicologia Jurídica. Fez a formação como Terapeuta de Vida Passada. Realizou o Curso Introdutório e o Introdutório Avançado de Gestalt Terapia com Crianças, ministrado por Luciana Aguiar. É autora do livro infantil Não consigo desgrudar da mamãe (Editora Boa Nova). O segundo livro, intitulado Eu sou o rei de todo o mundo”, está em processo de publicação foi publicado na Bienal do Livro este ano e aborda crianças que têm dificuldade de aceitar limites.

               

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Transvaginal, morfológico ou 3D, o ultrassom é fundamental para acompanhar a gravidez

 

Entre os inúmeros exames necessários para o acompanhamento da gravidez, os de imagem são extremamente importantes. Alguns deles são: Ultrassom Obstétrica via transvaginal – É um exame realizado no primeiro trimestre para o estudo de rotina da gravidez. Pode ser realizado em qualquer época a partir da 5ª semana, quando normalmente a mamãe descobre que está grávida. No segundo trimestre em diante, serve para avaliar o comprimento do colo do útero e assim identificar quais são os riscos para um parto prematuro. Ultrassom morfológico – É um exame de rotina, realizado entre a 20ª e 24ª semana, que serve para avaliar a anatomia do bebê, podendo assim, diagnosticar a maioria das malformações. Trata-se de um ultrassom bem detalhado, onde o médico deve concentrar-se no estudo anatômico do feto. Como todo ultrassom, também serve para determinar a idade gestacional, mas com uma margem de variação de duas semanas, para mais ou para menos. Ultrassom 3D – É uma técnica diferente de processamento das imagens obtidas por ultrassonografia. Em termos de diagnóstico não acrescenta muito à ultrassonografia convencional, mas em termos de imagem, é muito mais agradável para os papais, pois é nesse exame que se pode ver o rostinho do bebê.

 

 

Pílulas

 

Futuro

 

Uma viagem comum e quase inevitável para as mamães é a viagem para o futuro!! Durante a gestação, muitas futuras mamães se pegam analisando e avaliando qual seria a melhor maneira de educar seu filho para os dias de hoje. Estudam e planejam o que podem fazer ou dar para que eles sobrevivam a esta realidade bem diferente da realidade que enfrentaram quando eram pequenos.

 

 

Invisibilidade

 

Há mães que se ressentem com esse “período de invisibilidade” e sentem ao chegar num local e notar as pessoas apenas dirigindo-se e paparicando o bebê na barriga. Parece que ela foi reduzida a possuidora da barriga que recebe agora todos os mimos, cuidados e paparicos. Mas, ao mesmo tempo, ama aquele bebê que está vindo e se sente mal por estar “disputando” a atenção com ele. Na maioria das vezes esse processo ocorre de forma velada.

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